Iniciativa atende demanda da comunidade e capacita moradores para lidar com o transtorno em todas as fases da vida.
O Governo do Estado iniciou uma capacitação voltada ao Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) no Residencial Macapaba, Zona Norte de Macapá. O curso foi criado a partir de uma demanda da própria comunidade, que identificou a necessidade de ampliar o olhar não apenas para o Transtorno do Espectro Autista (TEA), mas também para o TDAH, que afeta crianças, adolescentes e adultos.
A formação integra o programa Minha Casa, Minha Vida, sob coordenação da Secretaria de Estado da Habitação (Sehab) em parceria com a empresa Híbrida, segue até esta sexta-feira, 25, e está sendo realizada na Escola Estadual Antônio Munhoz Lopes. A proposta é oferecer conteúdo teórico e prático, com oficinas, dinâmicas e atividades interativas que auxiliem os participantes a compreenderem os impactos do transtorno no cotidiano.
“Além do TEA, que é muito presente no residencial, muitos moradores também enfrentam o TDAH, que atinge todas as faixas etárias. A comunidade nos pediu que trouxéssemos esse tema. Então, criamos um curso completo, que trata desde o diagnóstico em crianças até os desafios na vida adulta”, explica a psicóloga Cilene Lobo, responsável pela capacitação.
A abordagem do curso é ampla e inclui aspectos cognitivos, emocionais e sociais. Os participantes aprendem a identificar sinais do transtorno, compreender suas consequências e aplicar estratégias de acolhimento e inclusão, dentro e fora do ambiente escolar.
“Se o TDAH não for trabalhado desde cedo, o que será dessas crianças quando adultas? Muitos insucessos e frustrações que vemos hoje em adultos podem ser resultado de um transtorno não diagnosticado. E o TDAH é tão sério quanto qualquer outra condição neuropsiquiátrica, pois impacta profundamente a qualidade de vida”, acrescenta a professora Blenia Cortes.
Lícia Santana, professora de Sociologia e moradora de Macapá, destaca que participa da capacitação para aprimorar a inclusão de alunos com necessidades específicas. Ela reforça que, apesar dos avanços recentes nas políticas públicas, ainda há muito a ser desenvolvido para combater o preconceito e garantir a inclusão plena de pessoas com TDAH.
A pedagoga Alzira Monteiro, que atua no Plantão Social, destaca a importância da formação como ferramenta de transformação social dentro dos residenciais.
“Estamos preparando a comunidade para acolher com mais empatia e conhecimento. O TDAH ainda é cercado por desinformação e estigmas, e é por isso que um curso como este é essencial. Ele não apenas ensina, mas também muda mentalidades e fortalece vínculos familiares e sociais”, afirma Alzira.
A capacitação conta com a participação de professores, profissionais da saúde e da assistência social, além de familiares de pessoas com diagnóstico confirmado ou suspeita do transtorno. Muitas mães inscritas relataram que se identificam com os conteúdos apresentados, reconhecendo nos próprios filhos características do TDAH.
“O curso foi aberto para professores, profissionais e mães. Algumas já convivem com o diagnóstico em casa e outras estão buscando entender melhor o comportamento de seus filhos. O conteúdo tem ajudado muito nesse processo de escuta, reconhecimento e empatia”, completa a educadora.
A iniciativa reforça o compromisso do Governo do Amapá com a promoção da saúde mental, inclusão e fortalecimento dos vínculos comunitários por meio da informação e do acolhimento.
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